A obra de George Orwell pode ser lida como uma prolongada meditação sobre o problema da mentira e de seus usos políticos, bem como uma inegociável defesa da verdade como condição para a democracia. Tanto é assim que, em 1984, ele compreende o ¿totalitarismo¿ como uma espécie de tragédia cognitiva, ocasionada pelo esfacelamento da capacidade de pensar segundo critérios compartilháveis. Nossa intenção é apresentar essa linha interpretativa geral da obra de Orwell mediante a análise de sua primeira obra romanesca, Dias na Birmânia (1934), mostrando como ali o imperialismo britânico é apresentado como um sistema da mentira que envolve e corrompe não somente os colonizados como os próprios colonizadores. O maior interesse dessa compreensão, como prévia à análise do fenômeno totalitário por Orwell, é que este afirmará, ainda no início da década de 1940, que o nazismo tem raízes profundas no colonialismo e imperialismo; ou como diz: Hitler é o fantasma de nosso passado se levantando contra nós. Ora, de maneira breve, pode-se entender que, na esteira de Orwell, é o exercício do poder por meio da mentira que permite tanto o imperialismo britânico quanto o totalitarismo nazista. Conferencista: Prof. Dr. Homero Santiago (Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo - USP)
🗓️ Data: Segunda-feira, 27/11/2023
🕰️ Horário: Das 17h00 às 19h00
🏢 Local: ala da Congregação / Unifesp Guarulhos
🔗 Inscrições: Via Siex